Introdução
No Ecomuseu dos Campos de São José o patrimônio é um conceito presente em sua missão: identificar e comunicar os patrimônios locais a fim de fomentar o empoderamento comunitário para o desenvolvimento sustentável dos territórios. O acervo do Ecomuseu, que na realidade é da comunidade participante, é composto por:
Edifícios públicos e/ou privados, objetos, ferramentas, artefatos arqueológicos;
Saberes e fazeres ligados à agricultura, ao artesanato, às expressões artísticas, às técnicas de construção, memórias, poesias, causos, músicas;
Áreas de Preservação Permanente (APPs), a biodiversidade de flora e fauna e cursos d’água;
Fotografias, atas, relatórios e outros documentos.
São todos os objetos, coisas, artefatos, peças, dispositivos produzidos pelos saberes individuais e coletivos que compõem as comunidades.
Na proposta da ecomuseologia, os objetos que testemunham as práticas culturais presentes e passadas não são retirados da corrente da vida para serem objetos de museu em um edifício específico, eles permanecem na posse daqueles que os fizeram, seus autores são seus portadores, detentores. Todavia, é preciso considerar que o próprio acervo institucional do Ecomuseu CSJ possui objetos que foram doados pelos participantes do projeto, estando disponíveis para consulta assim como estão os documentos relativos às ações realizadas.
Não são objetos de exposição, são objetos de uso da comunidade e equipe. Eles estão para serem usados a partir das finalidades deles: um quadro para estimular a criatividade das oficinas, um violão feito por um luthier da localidade disponível para tocar, os tantãs feitos a partir de tubos de pvc, um dispositivo de som automotivo utilizado para divulgação nas ruas, utilizado para convidar as pessoas para a roda de conversa, um suporte para livros, uma TV Compostagem. O Ecomuseu, com esta proposição, intenciona colocar os objetos patrimoniais à serviço do envolvimento comunitário local.
Está no centro do Ecomuseu a valorização dos saberes e fazeres locais, estimulando a comunidade participante em um projeto de cidadania plena.
Isto significa criar pontes, mediações, articulações para que as pessoas possam exercer suas habilidades e sabedorias no seu território e em prol do bem comum. Tudo isto envolve um longo processo de descobertas, de educação mútua, de ecologia dos saberes.
A partir da convivência semanal, encontra-se carpinteiros, inventores, cozinheiras, hortelões, artesãos, pintores…, uma série de saberes que se somam quando existe um objetivo comum e convergente de transformação positiva do local em que se vive. São grandes os desafios na mediação da construção de representações coletivas entre indivíduos não associados por vínculos familiares, partidários e religiosos, mas, sim, por compartilharem do mesmo território, com suas qualidades, problemas e perspectivas.
Nesse caminho, tanto o objetivo quanto o processo são ganhos, pois a interação social se dá do começo ao fim, e dela emergem expressões artísticas, redes de solidariedade, empreendedorismos, ações educativas intergeracionais, amizades. É notável o relato de participantes do projeto sobre os benefícios relativos à saúde metal, o que reforça a percepção de que precisamos estar em diálogo constante com a ideia da complexidade da vida.
São as paisagens, as Áreas de Preservação Permanente (APPs), os campos de cerrado, os riachos e matas ciliares, as nascentes, os fragmentos de mata, as florestas, as áreas de hortas comunitárias, a flora e fauna.
São as referências naturais apontadas pelos indivíduos da comunidade como importantes, de relevância para serem conservadas e/ou recuperadas, pois nativas ou já modificadas pelo humano, elas se tornam objeto de proteção como com as APPs do rio Alambari nos bairros Vista Verde e Campos de São José, as abelhas nativas, o sagui-da-serra-escuro, o Callithrix aurita, um primata endógeno de ocorrência em toda região, extremamente presente no cotidiano da comunidade que vive nas bordas das matas e seus fragmentos.
Uma vez que a diversidade daquilo que é importante para a comunidade dentro do Ecomuseu pode ser organizada nessas quatro categorias, podemos, para simplificar, chamar tudo aquilo que tomamos como importante e cuidamos como patrimônio em movimento. Movimento aqui significando aquilo que assume condição de uso, de interação, de experimentação, apropriação, conservação, restauração, de importância para diversas formas de vida que compõem o planeta Terra: pessoas, insetos, árvores, arbustos, plantas, pássaros, lagartos, mamíferos, os microrganismos da terra, os peixes, memórias, enfim, tudo o que é necessário à vida pode ser objeto de interesse da comunidade que compõe o Ecomuseu CSJ.
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